Caio abre guerra na federação



A Direcção da Federação de Patinagem de Portugal (FPP) emitiu, ontem, um comunicado no seguimento do caso Caio, que decretou a derrota administrativa do Benfica no encontro da 2.ª jornada do campeonato nacional, por uso irregular do jogador.

Apesar de referir em passagem que o castigo determinado pelo Conselho de Justiça (CJ) ao Benfica é justificado pelos regulamentos, a Associação de Patinagem de Lisboa (APL) é o alvo preferencial dos responsáveis federativos, pelo facto de a APL ter-se colocado ao lado do Benfica e até ter disponibilizado apoio jurídico caso o clube da Luz o necessitasse.

«Queremos repudiar, com veemência, a posição assumida pela APL, que consideramos susceptível de procedimento disciplinar correspondente, tendo em atenção que, por um lado, são formuladas acusações sem fundamento ao CJ e que, por outro lado, há uma infracção clara dos deveres que, ética e estatutariamente, a APL está obrigada a cumprir», lê-se.

No mesmo comunicado, a FPP afirma: «Não duvidamos da boa fé do Benfica e lamentamos todos os inconvenientes causados pela decisão deste processo, o qual—reconhecemos — demorou demasiado tempo a ser resolvido». No entanto, a direcção da FPP, apesar de admitir uma discrepância de entendimentos entre o Conselho de Disciplina (CD) — órgão que declarou ao Benfica que poderia utilizar Caio — e o CJ, e reconhecer que «o Regulamento de Justiça e Disciplina carece de uma revisão», declara que o Benfica não deveria ter recorrido ao CD, uma vez que este «não deve dar pareceres sobre a aplicação dos regulamentos federativos, nem apreciar ou decidir sobre quaisquer recursos», embora o faça «num espírito de colaboração e auxílio aos pedidos dos clubes, nas dúvidas que estes lhes colocam». Um espírito de auxílio que acabou por gerar um castigo ao clube da Luz, que lhe custou uma derrota administrativa num encontro com o Viana que até venceu em rinque (4-0).

No mesmo documento, a FPP fez questão de lembrar, tanto o Benfica como a APL, que quem submeter aos tribunais comuns questões desportivas pode estar sujeito a uma suspensão de um a seis anos — para o Benfica — e no caso da APL será a AG da FPP a deliberar o castigo adequado. O presidente da APL, Luís Nascimento, contactado por A BOLA, limitou-se a dizer: «Ainda não li o documento em profundidade e reservo os comentários para momento oportuno». O caso Caio, ao nível disciplinar pode estar encerrado, mas parece ter aberto uma guerra na FPP.


http://www.abola.pt/nnh/ver.aspx?id=202476